O exterminador do empreendedorismo
26/02/2019
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Houve um momento na história em que algum filósofo não-erudito proferiu a expressão “farinha pouca, meu pirão primeiro”. Independente de concordarmos e vivenciarmos esta máxima ou não, é necessário reconhecer que ela reflete um comportamento não tão incomum em nossa sociedade. Esta frase foi uma das primeiras coisas que me vieram à mente quando fui estimulado via Facebook pela Dani Brossi — que também lidera uma agência de publicidade — a escrever sobre, como ela mesma disse: Concorrência e ego: relação entre a cultura da empresa e a sua posição competitiva.
Confesso que, de imediato, não entendi. Pedi para que ela explicasse com mais detalhes e ela completou: é mais uma reflexão sobre como o ego e a concorrência podem atrapalhar o mercado e o crescimento das empresas, e como o pensamento contrário, de união ou integração pode ser benéfico para todos.
Captei vossa mensagem, soberana guru!
Entendido o questionamento, inevitavelmente, passei a pensar mais sobre o assunto. As variáveis são tantas que fica até difícil saber por onde começar. Aliás, as variáveis são infinitas, então o que julgo ser possível é somente destacar alguns fatores.
Mais que ego ou concorrência, acredito que a insegurança é o elemento predominante diante dessas questões. Imagino que muita gente já viveu um dilema do tipo:
Convenhamos: é mais do que natural sentir este receio. Agora, se o receio justifica uma não-parceria, aí já é outra história. Neste caso, acredito que o mais importante é você construir uma relação com o seu cliente de forma que ele sinta que a vida dele será bem mais difícil sem você. E, ao fazê-lo sentir isso, ambos são beneficiados, porque — por mais lugar comum que seja dizer isso — as únicas relações duradouras saudáveis são aquelas em que as duas partes saem ganhando.
Tem também uma coisa interessante que é enxergar a questão do ego e da concorrência de forma não tão categórica, como fatores que somente atrapalham o mercado e o crescimento das empresas. Pelo contrário, a concorrência e uma certa dose de prazer com uma realização pessoal podem ser justamente o motor do crescimento das empresas. E com empresas crescendo, o mercado amadurece. Mas, de uma coisa tenho certeza: mercados maduros valorizam e se beneficiam da união e da integração. Vivemos tempos colaborativos e afirmo seguramente que, depois da minha equipe, o maior ativo da minha empresa são os meus parceiros. Sem eles, nossa vida seria muito mais difícil.
Temos, sim, que acreditar no poder das parcerias e cultivá-las. A intensidade dessas relações vai depender do quão seguros estão os líderes e — principalmente — da consciência de todos os envolvidos em respeitar seus parceiros. E com respeito, vem mais segurança. Com mais segurança, mais parcerias. É este ciclo positivo que devemos alimentar.
No mundo dos negócios, ninguém entra em campo para perder; o que não significa que os fins justificam os meios; certo, Maquiavel? Você pode conquistar o seu bem sem desejar ou fazer mal a ninguém.